Mais do mesmo

Proxxima 2008

Tive a chance de assistir ao debate da manhã desta quarta-feira, 12/03, no Proxxima. O tema era “O Fenômeno dos Blogs – Chegou a hora de virar mídia?”

Por si só o tema me parece estéril. Blogs já são mídia e como tal devem ser encarados. E isto significa, como leitor escolher o que ler e como anunciante escolher o que anunciar e onde.

Isto posto, cheguei ao WTC de São Paulo com a expectativa que os nobres painelistas (Alexandre Fugita, TechBits, Claudio Roca, BlogTV Inc., Carlos Cardoso, Problogger, Edney Souza, Interney, Fabio Seixas, Camiseteria.com e Renato Shirakashi, Via6.com) tivessem um ponto de vista mais fresco e renovado do que vi nos últimos BlogCamps, Campus Party e demais encontros.

E, sinceramente, a perspectiva da moderação do Wagner “Mr Mason” Martins da Agência Espalhe, não me agradava por apontar um rumo de conversa mais voltada para o que são blogs do que como usar blogs como mídia e veículo de interesse para agências e anunciantes.

Minha percepção se mostrou correta no primeiro slide da apresentação do moderador. Peraí, PPT do moderador? A idéia é que o moderador de uma conversa profunda como essa seja simplesmente um facilitador, não uma estrela em si só.

Enfim, Mr Mason começou com uma brincadeira sobre templates e conteúdos relevantes, seguida de uma saraivada de piadinhas internas ente os painelistas e, após um rambling de quase 10 minutos, finalmente passa a palavra para o primeiro debatedor.

Edney Souza descreve, brevemente, como o blogueiro recebe, adapta e reproduz os conteúdos que lhes chega. Basicamente recuperando o conceito de “prosumer” do Alvin Toffler.

A surpresa agradável do painel foi o Claudio Roca, do BlogTV Inc e parceiro da organização do evento. O cara falou concisamente, tentou puxar a discussão para assuntos que eram relevantes para o público que estava na platéia – publicitários, anunciantes, empresários – e chamou para si alguns argumentos válidos na discussão de blogs como mídia. Mas, mais importante, foi o primeiro a citar o termo Social Media no palco.

Quando a conversa foi para o Renato do Via6.com, o próprio Fugita e o Cardoso, a conversa caiu num inacreditável revival de todos os blogcamps e barcamps que já vi: Post Pago, anúncios em blogs, banners x review x resenha, post em troca de brindes.

Foram 45 minutos de relógio, com intervenções a cada 5min do moderador, direcionando as conversas para um lado pessoal que culminou na troca de figurinhas e histórias de guerra que só quem estava no palco conhecia.
Enquanto isso, na platéia, um grande número de twitteiros (e diversos outras pessoas que pagaram mais de R$ 2000 pela inscrição), exibiam caras que variavam entre espectador de filme iraniano à cara de revolta pela oportunidade que se esvaía em argumentos fracos e mal concatenados.

Resumindo a ópera (bufa): faltou falar por que anunciar em blogs – ou outra ferramenta de social media – é relevante para um certo cliente, qual o retorno, audiência x segmentação, métricas, etc.

Faltou gente de mercado lá em cima, pra compensar a presença de um lado só do espectro.

Faltou moderação isenta.

Sobrou chance desperdiçada.

9 thoughts on “Mais do mesmo”

  1. Pois é Jeff, eu fui um dos que assisti, ou melhor ouvi o painel via o “webcasting da Baunilha”, e tive esta mesma sensação. Tive a percepção de que a “blogosfera Brasileira” parece não curtir pertencer as midias sociais e basicamente ignoram isto, como se a blogosfera fosse um organismo autonomo. Como diz o Gilberto Pavoni, é a “Umbigosfera”. Eu sou um fã ardoroso de midias sociais e acho que na verdade estes contratempos, ou este paralelismo conversacional que se tornam estes paineis sobre a blogosfera x midia atual, deve-se principalmente ao fato de que não tem como fazer esta comparação. As motivações e a forma como atuam são totalmente diferentes, apesar do produto ser o mesmo,a informação. Apesar de sabermos que as midias sociais e ai incluindo a blogosfera (so para frisar) são grandes disseminadores, quando questionados sobre serem profissionais, em geral tendem a falar exatamente o que voce chama de “modelo barcamp”, porque a visão deles é esta, e talvez deva continuar sendo para que a disseminação em midias sociais continue sendo efetiva e sincera.

  2. Jeff
    vi no Twitter a ‘confusão’ e não entendi nada. seu post resumiu bem a parada, ainda bem que eu não estava lá.
    Para ser polêmico, os organizadores de eventos precisam parar de chamar sempre as mesmas pessoas, né? tem tanta gente aí fora tendo experiencias incriveis com blogs (umbiguismo pro meu Zumo, mas tem a Garota Sem Fio, o Futuro.vc, o Te Dou um Dado? e por aí vai…). Pq. sites como o BigBostaBrasil – com gazilhões de acessos – não são case? prontofalei.

  3. Jeff,

    Tá, já comentei isso no #NoB, mas tem oportunidade de negócio envolvida, vale lançar a idéia. Olha a oportunidade de startup que você denunciou:

    Uma empresa que intermedia a relação (e, OBVIAMENTE) a conversa e apresentação de Blogueiros, que por sua vez, podem constituir uma empresa que vai intermediar a relação dos anunciantes (outra empresa) com os consumidores, que podem ou não ser MAIS UMA empresa! Genial!

    Blogueiros, WAKE UP! Vocês SÃO a fucking media… Façam valer, dediquem-se e aprendam a vender seu peixe! Vocês são salmão e acabam, por amadorismo, se colocando a preço de sardinha.

    Abraço!

  4. Jeff,
    Perfeito. Bom post e bons comentários. Fiquei feliz em ver que compartilho da mesma “posição” (acho que é mais que opinião) de pessoas que falam do assunto com conhecimento e propriedade.

  5. Para manter a perspectiva, republico aqui os comentários que o pessoal deixou no Sim, Viral, enquanto o jeffpaiva.com estava fora do ar.

    10 respostas para “Mais do Mesmo por Jeff Paiva”

    1. Wagner “Mr Mason” Martins
    Março 13th, 2008 às 6:17 pm

    Moderação isenta?
    Tenho um blog considerado “grande” e trabalho em uma agência que tem ganhos diretos ao atrair mais anunciantes para as mídias sociais

    Ou seja, é óbvio que não tenho isenção nenhuma. Mas ao contrário de “vender o peixe’, com pitchs decorados e números que não refletem a realidade, tentei puxar o máximo para uma concepção de encarar blogs como uma grande massa, e não encarar 3 ou 4 blogs como mídia de massa.

    Em minha defesa quanto ao “levar o debate para temas de picuinhas” como posts patrocinados e credibilidade, deixei na mão do Claudio Rocca as perguntas da platéia. Foram cerca de 30. Foram umas 15 só sobre isso. Outras 5 perguntando sobre a validade da ação da Melissa com a MariMoon.

    O Jeff trabalha com isso diariamente. E também não é isento. Não é possível que ele não conheça os números que dão o “tamanho do peixe” que podia ser vendido. Temos uma dezena de blogs com mais de 5 mil visitas / dia. E o resto de micro-audiências. Aí falam de audiência x relevância mas não se ligam no trabalho e no custo de mapear isso tudo, para fazer ações que sejam adaptadas para cada blog de maneira relevante para o seu público. Temos cases interessantes no papel. Mas quando os números aparecem, fazem qualquer um broxar.

    Não podemos confundir potencial com realidade. Se não vende-se uma coisa que não existe ainda. Transformamos 2008 no “ano da mídia em blogs”. E 2009, 2010. 2011 nos anos de outras coisas, porque blog foi testado e não deu em nada. Vamos com calma, pessoal. Como profissional da área ainda acho que temos muito que experimentar, acertar e errar antes de pedir um lugar no bonde.

    E fecho dizendo que não há cases bem estruturados e convincentes para ser apresentados e mostrar o caminho certo de se trabalhar diretamente com blogs. Há erros convincentes. E apresentando isso, pelo menos damos o primeiro passo para construir cases bons.

    2. Mari-Jô Zilveti
    Março 13th, 2008 às 6:31 pm

    Jeff e povo do SimViral, por ter acolhido nosso escriba: até que enfim alguma crítica decente. Aliás, hoje surgiu uma polêmica sobre a Nike, Riot e blogueiros no BlueBus. Eu pergunto e já perguntei: os blogueiros ficam putos quando se sentem “ameaçados” numa suposta tentativa de compra de suas opiniões. Ok, o autor/redator do e-mail que saiu da Riot pecou por falta de habilidade. Mas quando uma empresa contrata blogueiros-star para falar de um evento, caso da Intel no Campus Party, ninguém questiona. Nada contra essa ação. Aplaudo a iniciativa, mas sem hipocrisia, pls! Abraços digitais, Mari-Jô Zilveti http://nomadismocelular.wordpress.com

    3. Wagner “Mr Mason” Martins
    Março 13th, 2008 às 6:33 pm

    Ah sim, sem deixar de provocar…

    “elevado número de acessos”… tá bom, conta outra Jeff. Depois compartilha o log, temos que aprender com esse case sensacional.

    É esse tipo de sinceridade que você quer vender pro mercado?

    4. Baunilha
    Março 13th, 2008 às 6:51 pm

    Primeiro debate da história que o moderador defende seu debate no final. Triste.

    5. jean boechat
    Março 13th, 2008 às 6:53 pm

    querem a minha opinião? cobro barato, mas agora eu dou de graça para cobrar depois.

    existem cases de formas indiretas para se trabalhar com blogs que deram resultados bons. usando a rede de conteúdo do google e entregando conteúdo relevante. agora diretamente? é. talvez tenha. mas ainda é uma incógnita.

    quer saber? eu não vi o debate. mas concordo com coisas que o wagner falou. e concordo com algumas coisas que o jeff falou e coisas que eu vi na “cobertura” dos twitters alheios.

    acho que tem muita babaquice sendo falada por aí e que realmente perdem-se oportunidades para discutir decentemente o assunto ainda mais diante de um público que é bem diferente de campus party, blogcamps e etc. em parte, público que mete a mão no bolso e paga.

    E também é importante salientar que tem muita picaretagem, muitas irresponsabilidades por aí. De amadoras a profissionais. Óbvias e ululantes. Como diria o Rei, “é tão difícil olhar o mundo e ver”.

    O #proxxima é um evento importante. isso é fato. Para um determinado público, ele é importantíssimo. E ter a oportunidade de falar lá na frente é uma coisa séria.

    É claro que cada um pode opinar e discordar da escolha de participantes aqui e ali. Eu acho que em relação aos painéis de debate, falta gente pra botar fogo ‘de verdade’. ter gente que discorda, que pensa diferente, que questiona. gente que pensa. gente que paga e gente que consome também, por que não?

    Estou de saco cheio dessas coisas meio messiânicas do mercado… 200X é o ano do mobile, do orkut, das redes sociais, dos blogs, do second life.

    Eu vou começar a pregar: 2008 é o ano da beterraba!

    6. Steffania Paola
    Março 13th, 2008 às 6:59 pm

    Adoro quando alguém bota lenha na fogueira das vaidades da tal ‘blogosfera’.

    Excelentes os seus apontamentos, Mr Mason.

    7. jean boechat
    Março 13th, 2008 às 7:05 pm

    curiosidade: por que o tag do post é agenciaclick? isso é post pago?

    8. gilsonpessoa
    Março 13th, 2008 às 7:25 pm

    Na boa, porque não tratar as questões de uma forma mais amigável?

    9. Rafael Ziggy
    Março 13th, 2008 às 8:40 pm

    Jean!

    Nunca fiz um post pago =)
    Como você pode observar logo após o texto, a primeira linha em itálico, tem a descrição do autor.
    Jeff Paiva é gerente de Social Media da Agência Click.

    Geralmente utilizo as tags para botar clientes, agência e outras palavras-chave principais relacionadas. Abraço!

    10. Wagner Martins
    Março 13th, 2008 às 9:53 pm

    “Debate 2.0″, Baunilha. Tempo em que as pessoas de uma mesa redonda se preocupam mais em saber o que estão falando no Twitter em “real time” do que se concentrar melhor no que os outros participantes estão falando. A palestra do francês sobre “First Life” falava justamente desta esquizofrenia dos tempos modernos.

    Hoje o debate é constante, depois você discute com a platéia nos outros meios e passa melhor seus pontos, ou vende melhor seu peixe. Nesse cenário, triste é não ter argumentos (certos ou errados, mas o barato da coisa é conversar).

  6. O fato é que o boboblogers não é q nao querem “pertencer as midias sociais” é q a mentalidade deles nao é tamanha para atingir este nivel e se fecham no mundo deles, no mundinhu banner, troca de post, e blogs emtupidos de banersinhu de adsense,mercado livre e param nisso…se resumem e se fecham em uma redoma, onde os assuntos q rolam só interessam a eles e o nivel da mentalidade que tem. Quem teve a ideia de colocar o assunto blog na pauta de um evento onde o publico é em sua maioria publicitario e marketeiro foi otima, o ruim foi quem organizou isso infelizmente creio q nao viu o nivel dos boboblogers e a maneira q conduzem os proprios eventos deles…tava meio q na cara q ia dar nisso….mas vivendo e aprendendo aqueles q participaram e foram um fiasco em palco tenha certeza q vai ter o filme queimado no mundinhu publicitario q é um ovo, pq comentarios neste mundinho voam num piscar de olhos.

    Mas preciso citar a Baunilha foi incrivel neste comentario dela e matou a pau tudo q foi dito:

    “Primeiro debate da história que o moderador defende seu debate no final. Triste.”

    e põe triste nisso!!!

  7. O problema é que a única coisa que vem mudando nesse tipo de evento são os templates das apresentações.

    A fórmula “mais dos mesmos” fica delimitada pelos achismos e os “comentários sobre cases” no melhor estilo “welcome to last year”.

    Isso afasta cada vez mais a galera da compreensão e rediscussão sobre o verdadeiro potencial e particularidades das mídias sociais.

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