Pingos nos is

Amigos, Romanos, compatriotas, escutai-me!

Não venho aqui para enterrar o “blog como mídia” ou os participantes/moderador/ do painel do Proxxima. Nem para conclamar as hostes a uma batalha sangrenta entre miguxos, agências de “viralização” ou campeões de audiência no PageRank, BlobgBlogs ou Technorati.

Minha posição, colocada no post abaixo e distribuída por diversos meios digitais e sociais, é simplesmente a de que grande parte do mercado tinha a chance de conhecer melhor o potencial real dos blogs como parte de uma nova disciplina chamada Social Media. E que, por razões A, B ou C, esta chance se perdeu. Acredito firmemente que apontar essas razões é um papel de quem é player neste mercado.

E quem sou eu pra me considerar player?
Um blogueiro que viu sua banda estourar por um simples post (e obrigado ao Rafael Ziggy, do Sim, Viral, por hospedar o post enquanto não resolvia o problema)? Um cara com PageRank 4? Que não aparece na lista dos top 100 do BlogBlogs?

Pois bem, “please allow me to introduce myself”: Sou o Gerente de Social Media da AgênciaClick, um cara focado em estudar, desenvolver, criar e aplicar formatos e conteúdos inovadores. Tudo o que envolve as assim chamadas Mídias Sociais me interessa: Blogs, Twitter, Comunidades, metaversos como o Second Life, vídeos no YouTube, grupos de discussão em emails como o Yahoo Groups e o Google, entre outros. Levo muito a sério o planejamento e execução da presença digital de clientes do porte da Fiat, Sadia, Credicard Citi, Sky, Brastemp.

Então, como parte interessada no crescimento dos blogs como parte de um movimento maior de novas mídias, lamento muito que a oportunidade apresentada no Proxxima tenha se perdido em conversas mais táticas do que estratégicas. Talvez o painel devesse ter sido composto tanto por blogs como por agências como a Riot, Espalhe e Live, que trabalham direto com eles, mais a própria AgênciaClick, a RappCollins, Tribo, Hello… Assim teríamos mais de um ponto de vista sobre o assunto e uma linguagem mais facilmente compreensível para a platéia.

O Jean Boechat, nos comentários do post no Sim,Viral, foi preciso ao afirmar que o Proxxima é um evento importante pra um monte de gente e que a chance de falar ali em cima deve ser levada a sério. Pra não ficar fora do contexto, leiam o que ele disse.

Até um dos participantes mais interessados nesta discussão, o Carlos Cardoso, fez um honesto e sincero mea-culpa no Contraditorium, assumindo que não estava tão bem preparado como poderia/deveria.

Quanto ao moderador do painel, conheço o Wagner há pouco tempo. É um cara com um importante papel no cenário digital do país, tendo feito – por méritos – a transição de um comediante/prankster para uma posição de autoridade reconhecida neste cenário que começa a se desenvolver, das mídias sociais.

Exatamente por ser parte integrante deste cenário é que acho que ele não foi a escolha mais feliz para a mediação do debate. Assim como eu também não o seria.

Acredito que uma figura de reconhecimento no mercado E na academia, como o Luli Radfahrer, pudesse ser uma escolha melhor. Ou um jornalista com o dedo no pulso jovem e no ambiente de agências, como o Pablo Myiazawa da Rolling Stone ou o Professor Eric Messa, da FAAP.

Enfim, para encerrar essa discussão tola e que não aborda o cerne da questão, gostaria de convidar os amigos de agências, blogueiros e anunciantes para continuarmos esse debate com um approach mais voltado para como podemos utilizar essas ferramentas para, efetivamente, transformar blogs em mídia.

Como um negócio em crescimento, em evolução, erros ainda são (e serão) cometidos. Como disse o Ricardo Aum, “somos bandeirantes, não podemos ter medo do curupira ao entrar na floresta”. Há que se ter uma postura adulta, honesta e direta na relação com os anunciantes, as agência e os veículos. Neste caso, os veículos são tanto os blogueiros como as redes sociais, os twitters…

E ganharmos todos com isso.

4 thoughts on “Pingos nos is”

  1. Acho realmente engraçado como ainda se espera que todo um modelo de receita em torno dos blogs seja consolidado para que os próprios blogueiros comecem a se levar a sério.

    O que será realmente preciso para que se deixe o amadorismo de lado, buscando demonstrar de forma coesa o que é e o que surge a partir dos blogs enquanto mídia? Será realmente culpa do foco ‘umbigosférico’ da blogosfera o fato de não saber se apresentar como aquilo que é? Ou será culpa do medo de tornar-se Bolha que Mr. Mason comentou?

    Prefiro apostar no método desbravador da metáfora dos Bandeirantes, de Ricardo Aum.

  2. Ok Jeff, seu ponto parece estar bem mais claro agora. Não fica naquela coisa do “vi e não gostei”, pelo menos se abre a um debate.

    Imparcialidade minha? Despreparo dos integrantes da mesa? Falta de agências especializadas e clientes ali no palco para falarem?
    Concordo com todos estes pontos.

    Mas o principal ponto para “frustração” do debate, ou “broxada” do mercado publicitário por ter visto só dúvidas e nenhuma certeza é que, de fato, só há dúvidas e nenhuma certeza.

    Você sabe como é difícil suprir argumentos que façam clientes acreditarem nestas novas mídias. No dia a dia do seu trabalho. E do meu. Você acha que muita coisa poderia ser feita em 1 hora?

    Sabendo do cenário insipiente e amador dos blogs como mídia, tentei direcionar o papo para provar o ponto: “o que é fenomenal é todo mundo ter blog” e não “olha que fenomenal, 5 ou 6 blogs tem uma audiência impressionante”.
    E será que é defeito ser amador? O cara já é especialista naquele assunto de nicho que o fez bem sucedido. Será que precisa (ou quer) ser um ótimo vendedor também?

    O público do Proxxima é diferenciado, ok. Uma oportunidade excelente que deve ser levada a sério. Mas convenhamos que eles estão lá para ver resultados. Para saírem com idéias e certezas de como trabalhar, principalmente inspirados em cases. Nesse ponto, debates que só levantam dúvidas fazem a maioria fazer caretas. Como a palestra do Bob Garfield também levantou.

    Aí aparece um VP do McDonalds e mostra cases, números gigantescos e resultados. Todo mundo aplaude e sai inspirado.

    Acho que a vantagem de profissionais como eu, você e vários outros que estavam lá e não estar atrás de certezas, mas sim dispostos a experimentar as dúvidas.

    Vamos amadurecer o debate? Estou dentro…

    Com eu anuncio em blogs? Bom, até hoje não vi ninguém surgir com algo diferente de banners ou posts patrocinados. Ficou claro, pelas posições no debate e pelo calor de ontem que o Blue Bus gerou, que posts patrocinados são um terreno difícil, principalmente os que não se identificam.
    Então vamos pros banners… Qual a capacidade de impressão que os 100 maiores blogs do Brasil tem? Não é muita. E negociar isso um a um é um fardo.

    As redes de blogs daqui ainda são terrenos fantasmas. Juntam dezenas de blogs com audiêcias pífias e conseguem um total bem “maizomeno”. Não adianta falar em Gawker e Federated Media como modelo para o Brasil quando eles lá conseguiram a escala que estamos longe de conseguir. Tão longe que em um país de não leitores isso talvez seja utópico.

    Buscar relevância? Trabalhos desenvolvidos de maneira customizada para cada blog? Para isso acontecer bem, a criação tem que ser compartilhada com o blogueiro. Isso nunca acontece, ele já recebe pacotes prontos e não pode apitar. Perguntaram da Melissa x Marimoon (5 perguntas que recebi no palco). Bela sacada, mas os números…

    Minha opinião é que simplesmente não há escala que seja atrativa para gerar cases convincentes para o público do Proxxima. Como disse na réplica no Sim Viral, já vi cases muito inteligentes, que anteciparam bem tendências e tal… Mas quando vamos ver os resultados, o grande eldorado de “blogs” servindo como estopim para deflagrar uma grande reverberação ainda não convenceu. Não existem cases bem estruturados que tenham usado blogs como base ou elemento dominante de sua etsratégia. E que tenham se integrado bem com a campanha de maneira relevante.

    Se alguém conhecer um, insira no debate.

    Blogs têm potencial, como tem aquele moleque de 11 anos dos juniores do Santos, que dizem que pode ser o novo Pelé. Mas se vc transforma ele em Pelé agora, fudeu…

  3. Jeff,

    Tenho acompanhado a discussão toda e, consequentemente, refletido bastante sobre o assunto.

    Perguntar se Blogs são mídia me parece um pouco ‘raso’, se entendermos mídia como “suporte de difusão da informação que constitui um meio intermediário de expressão capaz de transmitir mensagens” [Houaiss].

    Prefiro – mesmo que soe com uma mera questão semântica – questionar se blogs (já) podem ser considerados veículos publicitariamente eficientes.

    Quanto ao debate, será que conseguimos fazê-lo presencialmente, explorando o lado “social” desta mídia em que muitos de nós acreditamos?

    Abs

  4. O que se faz hoje em “social media” é certamente uma ciência obscura, acabei embarcando em uma dessas: vou ter que fazer resultados acontecerem, não sei como…aliás mal tive tempo de pensar em como medir estes resultados.

    É complicado pensar e discutir quando todos aqui, querendo ou não representam uma empresa com interesses próprios. As práticas são obscuras e os resultados…como se mede os resultados mesmo?

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